A corrida traz muitos benefícios à saúde, incluindo perda de peso, diminuição da pressão arterial, aumento da densidade óssea e diminuição do risco de doenças cardiovasculares e diabetes. No entanto, é uma atividade que apresenta uma taxa significativa de lesão, principalmente para os corredores de longa duração.
O número de participantes está crescendo, e uma grande porcentagem desses participantes poderá se lesionar. Além disso, a taxa de recorrência de lesões por corrida é muito alta. Isto sugere uma necessidade de compreender melhor as causas de lesão na corrida.
Causas das lesões na corrida
Erros no treinamento associados ou não com outros fatores foram diretamente associados com o início das lesões. Além disso, a distância da corrida de mais de 40 -65 km por semana, e um histórico de lesão anterior também podem ser fortemente relacionados à lesões.
Existem dois tipos de lesões:
Lesão Traumática:
Uma lesão traumática ocorre quando uma única força aplicada aos tecidos excede o limite crítico dos mesmos, como uma colisão no futebol que resulta em uma perna fraturada ou um entorse de tornozelo durante a pista correndo.
Lesão por uso excessivo:
Lesões por uso excessivo ocorrem quando forças repetitivas são aplicadas aos tecidos sem
permitir que eles se recuperem.
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Durante muito tempo, a medicina reconhecia como causa das lesões o “uso excessivo” da corrida, mas se o “uso excessivo” fosse o problema, haveria um limiar pré-determinado, no qual todos os corredores se machucariam – e isso simplesmente não é o caso.
As causas fisiológicas das lesões na corrida, podem ser explicadas pela Lei de Wolfe, na qual o corpo visa atingir a homeostase (equilíbrio) a nível celular. Quando um estímulo é aplicado aos tecidos (incluindo tecido ósseo, tendão, músculo, ligamento e tecidos à base de colágeno), uma resposta celular é desencadeada e, ao longo do tempo e com recuperação suficiente, ocorre uma adaptação.
Portanto, deve-se procurar um equilíbrio preciso entre estímulo e resposta – com a aplicação de um estímulo de treinamento (musculação, corrida, beachtennis), é necessário passar por um período apropriado de recuperação e de adaptação, para que a resposta seja eficaz.
Em vez de simplesmente ser um caso de uso excessivo, a maioria das lesões na corrida serão na verdade uma questão de sub-recuperação ou adaptação prejudicada, ou seja, a incapacidade do corpo para se adaptar as exigências de treinamento, que está relacionada diretamente com um erro no programa de corrida.
A avaliação e o tratamento devem centrar-se no erro de treinamento que perturbou o processo normal de adaptação. Usando essas informações, o clínico pode criar um ambiente que promova a cura e construa a capacidade de tolerar as demandas de execução.
Simplificando, se o treinamento é o problema, então o treinamento é a solução. A avaliação deve focar não só no isolamento do mal-alinhamento biomecânico específico percebido, mas na (1) compreensão da dinâmica mecânica que leva à lesão, e (2) na dinâmica do programa de treinamento. E o tratamento deve focar no retorno a corrida de forma gradual, respeitando sempre o tempo de recuperação.
Fonte: Clinical Orthopaedic Rehabilitation: An Evidence-Based Approach